GUARDIÃS XONDARIA KUERY
de 22 de agosto
a 01 de setembro de 2024
no Centro Cultural São Paulo
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Terça a sexta-feira, das 10h às 20h; Sábados e domingos, das 10h às 18h
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Piso Flávio de Carvalho – Lateral 23 de maio (CCSP)
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Classificação indicativa livre. Grátis e sem necessidade de retirada de ingressos
A exposição "Guardiãs Xondaria Kuery", com curadoria de Richard Werá Mirim, celebra os jogos de futebol do povo Guarani Mbya na Terra Indígena do Jaraguá, com especial foco nos torneios femininos. As fotografias não apenas destacam a importância da presença feminina nas aldeias, mas também valorizam o esporte e a arte como formas de resistência e afirmação, evidenciando a relação do futebol com o território indígena como fonte de alegria e resiliência. Da luta dos jogos à reza do Nhemongarai, a exposição explora de modo ampliado as relações rituais ao trazer uma sessão de fotos do ritual do ka’a (erva-mate) capturadas pelo fotógrafo-curador durante o Ara Pyau, que marca o início de um novo tempo para os Guarani Mbya. Durante esse período, as guerreiras (Xondaria Kuery) começam a preparar as roças, assim como a preparação coletiva da erva. Tudo isso ocorre em um batismo de fumaça, acompanhado de cantos e rezas, pela fumaça do petynguá (cachimbo sagrado), que tudo permeia dando força ao espírito de quem participa.
Atividades Especiais
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Na abertura, em 22/08 às 15h, haverá participação das Guardiãs.
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No dia 24/08 às 17h, haverá uma ação de mediação na exposição.
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Dia 30/08 às 18h, visita com o artista Richard Werá Mirim e sessão de "Minha câmera é minha flecha"
Carta de Apresentação
da curadoria (Guarani)
Kunhã ha'e ma omã’ē ha'e oikua’a pota. Xondaria kuery ma kunhã guē xondaria mbaraete. ”Guardiãs” ma tery ouga’a kunhã guē Tekoá Pyau py gua, yvy rupa Jaraguá, tetã São Paulo py, tekoa aiko’apy.
Igua’i amboa’e kuery time, amboa'e 7 Tekoa py avé oin Tekoa re ayn, vaé ri ouga'a “Xondaria” ouga vaé kuery ma “Itakupe”. Py gua ma, eindy, memby, xary’i, tamy minó, ha'e javive xondaria kuery.
Kunhã guē ma ombojerá, igua'i nhanderekopy,ojapo ka’ay Ara Pyau py. Kunhã guē xondaria omoin porã nhanderekopy gua. Xee aikua’a kunhã karai kuery gui. Kunhã guē gui ha'e ma pavē jaiko, omõ’ã avakue. Apy avã’ē kova’py, kunhã guē gui arandu ha gui nhemboé nhandereko reguá. Ha'e vaé ajapo xê camera revê. Xee Richard Werá Mirim, xee fotógrafo aevy kunhã guē rami okamixã omoin jogueroa ouga’apy. Xee oiporu xe camera hu’y rami.
Ouga’a voi aema jogueroa ramingua avi. Heta aema time mbya kuery iguais ijavi tekoa rupi, roexa ha'e ramingua teko mbaraete rami. Ha'egui rovy'a rei guive. Nho'ã mboia ha'egui ougaa ma vy'a reko ha'e jogueroa'a rami avi. Nhoetarã kuery meme orekuai jagua'i kuery guive ikuai tekoa py ma pavē rei joupive ikuai. Ha'e ramia rupi roguereko ju nhemongarai iporã vaipa avi ore nhe'e mombaraetea.
Kova'e rupi aexa vy ma kova'e mba'eapo ajapo xexaukaa “Guardiãs Xondaria Kuery” aexauka aguã hi'ã amboi va’e kue ha'e amboae kuery omboi va'ekue edital Proac de Artistas Iniciantes rupi. Xee reve ma ikuai avi Lurdy Yva Poty e Roseane Rete Guardiãs kuery ruvixa. Hi'ã mboia Taiuany Fernandes ha'e Milena Jaxuka ha'egui Guardiãs py ouga va'e kuery ikuai avi oficina rupi. Ikuai ouga ha'egui nho'ã omboi avi. Arovy'a pave ouga va'e kuery Xondarias Itakupe pygua Krukutu, Pindo Mirim, Tenonde, Tape Mirim ha'egui pave xeirun kuery: Luara Oliveira, Luísa Nico ha'egui Thiago Carvalho. Ha'evete pave pe CCSP pygua kuery.
39 hi'ã ouga jave guare ha'egui nhemongarai py guare avi kunhangue rembiexa rupi. Kova'e hi'ã kuery ma ojeporavo mbegue'i rupi japyxaka reve opy'i re. Ha'evy roenoi pave pe peuga aguã kunhangue reve xondaria kuery. Ougaa ma ayn rovy'a jepi aty ore nhemongarai ramiae orekuaiaty rami. Avy'a vaipa kova'e tembiapo aexauka vy. Aipota javy'a pavē kova'e jexauka rupi peju vy. Aguyjevete!
Carta de Apresentação
da curadoria(Português)
Guardiãs são mulheres que vigiam e protegem. Xondaria Kuery são mulheres guerreiras. "Guardiãs" é também o nome do time de futebol feminino da Tekoá Pyau, no Território Indígena do Jaraguá, na cidade de São Paulo, aldeia onde moro. Existem outros times, das sete aldeias que compõem esse território atualmente, como o time das "Xondarias" e as jogadoras da "Itakupe". São mães, irmãs, filhas, avós, netas, todas guerreiras.
Mulheres que dão vida, participam dos rituais, preparam o ka’a (erva mate) no tempo novo Ara Pyau. São guardiãs da cultura, do nhandereko, nosso jeito de ser. Eu aprendo com as rezadoras kunhã karaí kuery. Mulheres formam todos os que nascem, formam os homens também. Chego nessa exposição formado pelas mulheres que ensinam a vigiar e guardar a cultura. É o que faço com minha câmera fotográfica. Eu, Richard Werá Mirim, sou fotógrafo. Elas vestem a camisa do time e lutam no futebol, eu visto minha câmera. É minha flecha.
O futebol é também um ritual de luta. São muitos os times de futebol nos territórios Guarani Mbya. A gente valoriza o esporte e a arte como formas de resistência e afirmação da nossa existência. É um espaço de alegria. A fotografia e o futebol são luta e alegria. A família participa, as crianças participam, até os nossos cachorros e animais de estimação. É uma grande família e tudo na aldeia é coletivo. Nessa coletividade acontecem os rituais de nhemongarai que são muito bonitos e dão força ao espírito de quem participa.
Na observação dos rituais do esporte e dos rituais do nosso jeito de ser é que proponho a curadoria desta exposição, "Guardiãs Xondaria Kuery". Uma exposição com fotos tiradas por mim e por outras pessoas aliadas que realizaram a produção desse projeto permitido pelo edital ProAC de Artistas Iniciantes. Junto comigo há a importante participação de Lurdy Yva Poty e Roseane Rete, as capitãs do time Guardiãs. As fotógrafas Taiuany Fernandes e Milena Jaxuka, assim como todas as jogadoras do Guardiãs que participaram das oficinas de fotografia. Participaram jogando e tirando fotos. Agradeço a todas as jogadoras, de todos os times, das Xondarias, da Itakupe, da Krukutu, Pindo Mirim, Tenonde, Tape Mirim, assim como todas as pessoas aliadas, que também fotografaram em parceria coletiva: Luara Oliveira, Luísa Nico e Thiago Carvalho. Muito obrigado a toda a equipe que participou e ao pessoal do CCSP. Ha’evete! Agradeço!
São 39 imagens de ritual de ka'a e futebol na observação da força feminina. As fotografias dos painéis foram escolhidas para serem contempladas com calma, como quem fuma um petyngua na opy, o cachimbo sagrado na casa de reza, respirando calmamente. As fotos impressas em tecido, no salão de exposição do centro cultural, convidam o visitante a jogar com essas guerreiras, se esquivando no corpo a corpo, num ziguezague. Hoje, o futebol é uma alegria indígena, assim como nossos rituais, nossa cultura, nosso jeito de ser. Estou muito feliz em poder apresentar este trabalho de fotografia. Espero que você também fique feliz em participar desse ritual da exposição com a gente. Aguyjevete!
Richard Werá Mirim é um jovem talento da terra indígena do Jaraguá, xondaro fotógrafo e comunicador responsável pela editoração da página de notícias Mídia Guarani Mbya. Ele realiza este projeto em conversa com as capitãs do time de futebol "Guardiãs".
As capitãs Lurdy Yva Poty e Roseane Rete são Guardiãs que coordenaram oficinas de fotografia para que as jogadoras documentassem a trajetória do time em torneios de futebol. São mulheres que vivem na Tekoa Pyau e que participam do ritual feminino de ka’a fotografado para a exposição.
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FICHA TÉCNICA
Curadoria: Richard Werá Mirim
Fotógrafos artistas: Richard Werá Mirim, Taiuany Fernandes, Luara Oliveira, Luísa Nico e Thiago Carvalho
Produção executiva: Arte In Vitro Filmes
Coordenação de produção: Roney Freitas
Assistência de produção e Montagem: Maíra Vaz Valente
Produção (TI Jaraguá): Lurdes Yva Poty, Roseane Rete e Ana Flávia Carvalho
Montagem e assistência: Pablo Paniagua
Design: Teresa Siewerdt
Tratamento de arquivos: Bruno Makia
Impressão e montagem fotográfica: Espaço Ophicina
Impressão banners: Aragon Grupo
Consultoria e responsabilidade técnica: Salinas e Freitas Arquitetos Associados
Tradução: Anthony Karai Poty e Ivandro Werá Tupã
Oficina de fotografia e Consultoria artística: Richard Werá Mirim e Luara Oliveira
Fotógrafas da Oficina: Lurdes Yva Poty, Roseane Rete, Milena Jaxuka, Taiuany Fernandes, Vanessa Mindua
GUARDIÃS: Adila Yyva, Clarice Tava, Débora Suyane, Francileide Tákua, Geyse Kerexu, Graciele Para Poty, Janete Aparecida, Leonice Jaxuka, Lurdes Yva Poty, Marines de Castro, Marisa Para, Monique Ara Poty, Patrícia Kerexu, Roseane Rete Mirim, Taila Takua Mirim, Tamires Kerexu, Tatiana da Silva, Valeria Rete, Vanessa Mindua, Viviane Rete.
Organização Torneio Guardiãs Guarani: Daniela Ara Mirim e Ana Flávia Carvalho
Organização Torneio Jaraguá (Sol Nascente): Mateus Werá Vidal
Times femininos participantes: Guardiãs, Xondárias, Itakupe FC, Krukutu, Tape Mirim, Real Tenondé, Paraty, Pindo Mirim.
Agradecimentos: Alexandre Taira, Carlos Gabriel Pegoraro, Célio Franceschet, Cristiane Almeida, Cristina Ara Rose, Geni Vidal, Jefersom Xondaro, Karen Doho, Lanza, Natália Tupi, Rafael Tukumbó, Robertto Freitas, Valdir Wera, Victor Hugo de Souza
Projeto realizado pelo edital ProAC 42/2023 para Artistas Iniciantes.
Realização: Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativa do Estado de São Paulo